Quando eu ficar velho...Geraldo Eustáquio de Souza
Quando eu ficar velho,
quero me lembrar que aproveitei
cada minuto da minha vida
como se fosse o único que eu tinha,
mesmo quando tive que passar esse minuto num
trabalho tedioso ou numa fila que não andava
Quero me lembrar que nunca me queixei
nem da chuva, nem do frio, nem do sol,
nem do calor nem de coisa nenhuma,
nem de ninguém que fui grato a todos
com quem eu me encontrei
e a tudo que me aconteceu, de bom e de ruim,
e que tudo só serviu para eu crescer um pouco mais,
mesmo quando eu achei que ia me derrubar de vez
Quero me lembrar que eu fui eu
a maior parte do tempo
e que mesmo aos pedaços eu consegui ser inteiro
que nunca ocultei nem meu rosto
nem minhas intenções
por trás de nenhuma máscara,
em nome de nenhum cargo ou papel,
nem permiti que qualquer responsabilidade,
por maior que fosse, me deixasse sizudo,
pedante, prepotente e chato
Quero me lembrar que jamais troquei
a minha liberdade por nenhum outro bem,
por mais atraente que fosse,
e mesmo quebrando a cara,
sempre segui a minha própria cabeça,
respeitando o meu corpo e ouvindo o meu coração
Quero contemplar o meu passado
sem nenhuma sensação de perda ou de arrependimento, tendo a certeza de que,
se deixei de fazer algo,
não terá sido por auto-repressão,
mas por livre-escolha
Quero me lembrar que eu dancei, cantei
e brinquei e fui feliz até na infelicidade
Que eu fiz ginástica todos os dias
com prazer imenso
Que eu fiz amor quase todos os dias
com prazer maior ainda
Que eu orei para agradecer e para louvar,
nunca para pedir que Deus fizesse
por mim ou em meu lugar
Quero me lembrar que me vestir
com as roupas e enfeites que mais gostava
e a menos que o ambiente me exigesse
e eu estivesse disposto a acatar a exigência
nunca me trajei de modo solene e sem graça
só para parecer sério e importante
Quero me lembrar que andei descalço
e de patins e de bicicleta,
que empinei pipa no parque,
tomei banho de cachoeira, nadei pelado na praia,
comi pipoca, chupei picolé,
escrevi poesia, fiz bobagem,
beijei na boca, namorei de paixão,
briguei de não voltar, fiquei na fossa,
voltei, chorei no cinema, chorei na realidade,
sonhei nos dois,
e tive sarampo, catapora, caxumba
e fantasia sexual enfim,
que vivi sem me importar com a idade
mas com a felicidade
Mas o que eu quero mesmo,
quando eu ficar velho,
é ter a certeza íntima
que eu envelheci sem ficar velho...
Quando eu ficar velho,
quero me lembrar que aproveitei
cada minuto da minha vida
como se fosse o único que eu tinha,
mesmo quando tive que passar esse minuto num
trabalho tedioso ou numa fila que não andava
Quero me lembrar que nunca me queixei
nem da chuva, nem do frio, nem do sol,
nem do calor nem de coisa nenhuma,
nem de ninguém que fui grato a todos
com quem eu me encontrei
e a tudo que me aconteceu, de bom e de ruim,
e que tudo só serviu para eu crescer um pouco mais,
mesmo quando eu achei que ia me derrubar de vez
Quero me lembrar que eu fui eu
a maior parte do tempo
e que mesmo aos pedaços eu consegui ser inteiro
que nunca ocultei nem meu rosto
nem minhas intenções
por trás de nenhuma máscara,
em nome de nenhum cargo ou papel,
nem permiti que qualquer responsabilidade,
por maior que fosse, me deixasse sizudo,
pedante, prepotente e chato
Quero me lembrar que jamais troquei
a minha liberdade por nenhum outro bem,
por mais atraente que fosse,
e mesmo quebrando a cara,
sempre segui a minha própria cabeça,
respeitando o meu corpo e ouvindo o meu coração
Quero contemplar o meu passado
sem nenhuma sensação de perda ou de arrependimento, tendo a certeza de que,
se deixei de fazer algo,
não terá sido por auto-repressão,
mas por livre-escolha
Quero me lembrar que eu dancei, cantei
e brinquei e fui feliz até na infelicidade
Que eu fiz ginástica todos os dias
com prazer imenso
Que eu fiz amor quase todos os dias
com prazer maior ainda
Que eu orei para agradecer e para louvar,
nunca para pedir que Deus fizesse
por mim ou em meu lugar
Quero me lembrar que me vestir
com as roupas e enfeites que mais gostava
e a menos que o ambiente me exigesse
e eu estivesse disposto a acatar a exigência
nunca me trajei de modo solene e sem graça
só para parecer sério e importante
Quero me lembrar que andei descalço
e de patins e de bicicleta,
que empinei pipa no parque,
tomei banho de cachoeira, nadei pelado na praia,
comi pipoca, chupei picolé,
escrevi poesia, fiz bobagem,
beijei na boca, namorei de paixão,
briguei de não voltar, fiquei na fossa,
voltei, chorei no cinema, chorei na realidade,
sonhei nos dois,
e tive sarampo, catapora, caxumba
e fantasia sexual enfim,
que vivi sem me importar com a idade
mas com a felicidade
Mas o que eu quero mesmo,
quando eu ficar velho,
é ter a certeza íntima
que eu envelheci sem ficar velho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário